segunda-feira, 17 de maio de 2010

Chuveiro paralizador!!

Oi pessoal, aqui é a Karla. Este é meu primeiro post e farei com que ele seja muito especial e bafudo. Dedicarei este post a uma semana única em nossas vidas.

Segue aí, aguenta essa: há mais ou menos um mês enquanto a Juliana tomava banho e a Bruna assistia TV (provavelmente a Luciana na novela) e a vida parecia seguir normal para um quarta-feira noturna até que houve um grande estrondo tipo a buzina paralisadora vindo do banheiro e em seguida um grito seco e sufocante. Mas o estranho foi que após a grande explosão aconteceu um silêncio, o que na cabeça das outras moradoras era sinônimo de morte.

Prevendo encontrar um cadáver torradinho no chão do banheiro, a Bruna teve uma ideia bastante curiosa, ou seja, seguindo o raciocínio que poderia haver uma descarga elétrica, ela curiosamente adentrou ao banheiro com uma bolsa na mão. É, uma bolsa (?). O que ela encontrou foi a Juliana paralisada pela buzina paralisadora na toalha com uma expressão um pouco pálida que lembrava o gatinho do Shrek. O chuveiro ainda estava ligado e a Dani com os movimentos by Luciana devido à cirurgia, toda atrapalhada, também saiu correndo. Aí, elas desligaram o disjuntor e o próprio chuveiro e lamentaram pelo ocorrido com a Jú.

Pânico e histeria preencheu o fim da noite e no dia seguinte eu tomei algumas broncas da Bruna pois eu havia deixado algumas bolsas em cima da caixa de eletricidade. Eu apelei para o Rafa e ele, graças a Deus, no dia seguinte consertou tudinho e ainda várias outras coisas que estavam demandando manutenção.

A vida então voltaria a seguir tranquila? Era o que eu imaginava, era o que nós imaginávamos, era o que o Seu Benê (administrador do imóvel) imaginava.

Esta segunda-feira entrou e tudo foi água abaixo (entendeu o trocadilho?)

Chegando em casa do trabalho, me dei conta que o chuveiro estava intermitente e de repente fumaça e decepção novamente. Nada de banho de novo. Eu esperei as meninas chegarem, contei a novidade e desta vez não podia contar com a ajuda do Rafael novamente pois ele estava sem carro. Na mesma noite, nós todas tomamos banho na vizinha Illia, quem muito solícita, nos ajudou prontamente. Fica a dica: ter bom relacionamento com a vizinhança é de extrema importância para a sobrevivência humana.

No dia seguinte, a Dani recebeu dois prestadores de serviço da área elétrica e o laudo era assustador. Novamente, pânico e histeria permeava o ambiente doméstico. Passamos a saber que toda a fiação de casa tinha apenas 2 mm enquanto o mínimo suportável seria 6mm. Todas estariam em perigo de morte, tudo poderia pegar fogo a qualquer momento e contaríamos com chuveiro somente após a troca de toda fiação, o que custaria R$400 ou R$1.500 segundo os orçamentos. Grande burocracia estava por vir já que dependeríamos da imobiliária para a aprovação do orçamento e o pior: até lá, nada de banho.

A semana andou com grandes negociações com a imobiliária, nervos a flor da pele, corpos sujos e muitos, mas muitos banhos de canequinha, além dos banhos descolados na casa dos amigos, vizinhos, parentes e até chefes (usufruímos do chuveiro da chefe da Dani). Ah! E há também quem tenha estreado o bidê..argh!

O medidor da qualidade de vida estava com baixa pontuação, pois saneamento básico costuma ser um fator decisivo. Mas para mim, o medidor foi a zero na quarta-feira. Este, definitivamente, foi um dia difícil para mim. Eu havia trabalhado o dia todo e ido para a aula no período da noite e fui chegar em casa perto da meia-noite após uma hora e vinte minutos de tranporte público. Eu estava bem destruída, mas a casa ainda guardava surpresas para mim, mesmo eu sabendo que esta república é a versão urbana e paulistana do programa "No Limite", eu ainda me surpreendo.

Analise se você aguentaria essa: Após alguns dias sem banho completo, você em casa chega meia-noite após muito trabalho, aula e muito transporte público. A temperatura varia perto dos 10 graus Celsius e mesmo assim, motivada, você pondera que um banhinho de caneca não seria algo tão difícil. Aí que você se engana. Eu segui para o fogão e coloquei uma panela grande com água para ferver, mas estranhamente ela demora para esquentar. E demora mais. E demora mais. Já são uma da manhã e quando me deu conta: O gás também havia acabado!!!

Sem chuveiro, sem gás e sem forças, eu sentei na mesa da cozinha e comecei a chorar. Às vezes, a vida parece mesmo estar nos testando. Eu derrubei algumas lágrimas sentada na mesa da cozinha e pensei em desistir quando a Bruna chega na cozinha e finge se solidarizar e começa a passar a mão na minha cabeça, mas eu conheço bem o tom piadista da minha amiga e liberei ela:

-Bruna, pode rir, não precisa chorar comigo.

Claro que ela soltou a maior gargalhada e eu também.

Eu fiquei sentada mais alguns minutos, reavaliei a vida e pensei na alternativa de usar o microondas e fui para a luta. Esquentei um balde inteiro em vários pequenos tupperwares, fui para o "banho" e depois fui dormir, eram quase duas da manhã.

A semana se arrastou até sábado - dia em que o eletricista viria trabalhar e teríamos então banho quente novamente. Mas nada é assim tão simples nesta casa.

No sábado eles vieram, fizeram mil ajustes e tudo parecia caminhar para o objetivo final quando a Dani entra no quarto dizendo que alguém estava sendo levado para o SAMU, que alguém tinha fraturado algum o osso e que este alguém era uma dos eletricistas. Pânico e histeria!!!

Corremos escada abaixo e eu encontrei a aniversariante do dia - Dona Dirce com bobes na cabeça e um lenço por cima (idêntica a Dona Florinda), ela estava acompanhada da famosa Dalva (há uma especulação que diz que elas formaram uma dupla sertaneja na juventude), além de alguns profissionais do SAMU, um senhor fraturado totalmente imobilizado na maca e o Luciano (eletricista) me deu um sorriso sem graça. Tentando me convencer que o senhor fraturado não era parte do corpo de eletricistas que operava em casa, eu tentei a sorte - perguntei para a Dona Dirce se ele era parente dela. Ela prontamente me respondeu:

-Não!!! (Seca) Ele está fazendo manutenção aí no seu andar.

Caraca brother!!! O que eu deveria fazer??? Meu coração parou por alguns segundos e em seguida tentou sair pela boca, mas eu não deixei.

Aí, o tiozinho do SAMU fala com o senhor machucado:

-O senhor tem alguma doença?

-Diabetes.

-O senhor tomou medicamento hoje?

-Não.

Resumindo: o senhor fraturou a tíbia, vai ter que passar por cirurgia no Hospital do Jabaquara.

Algo poderia ser pior? O que mais conseguiremos presenciar neste apartamento? Life is crazy.

A Dani e a Jú tinham que sair e saíram correndo, os eletricistas seguiram junto com o SAMU e eu voltei sozinha para o apê. Tudo estava de perna para o ar, fios a todo lado, sem energia, sem banho, sem ninguém, eu chorei. Chorei e liguei para a minha mãe e tentei nove mil vezes o celular da Bruna. Sentei no sofá e fiquei esperando alguém voltar.

A Bru voltou, eu desabafei e o Luciano volta com um novo ajudante - um Bernardo de 12 anos que enfiava a cara dentro da caixa de luz e ligava os disjuntores sozinho. Comecei a temer novamente pela vidas das pessoas em casa. Eu e Bru saimos para o voluntariado e quando voltamos, juntas com a Dani, servimos uma janta de pão com mortadela aos prestadores de serviço e tudo ocorria ok até que o pequeno Bernardo abaixa a cabeça no meio da refeição, tampa o rosto com a mão e fica ali. Eu entrei em pânico e comecei a chacoalhar o pequeno Bernardo que não responde... Nada mais poderia acontecer, né? Seria mortadela envenenada?

-Você está bem? (Eu chacoalhando o menino)

-Você está passando mal? (já gritando e chacolhando ainda mais)

-PELO AMOR DE DEUS! NINGUÉM MAIS PASSA MAL AQUI NESTA CASA! (e o menino não respondia a nenhum contato)

De repente, ele tira as mãos do rosto, abre os olhos e me explica:

-Eu só estava rezando agradecendo pelo alimento.

-Ah! Desculpe.

Ai que vergonhaaaaa!!!

Um dia deste sem um bafão no final não seria completo, não é mesmo?

A manutenção demorou muito e no fim da noite, todas nós fomos contempladas com um banho quente Lorenzetti.

P.S.: O senhor se machucou no mesmo local da escada onde eu já dei uma roladinha, assim como a Bruna já tomou uma torta na cara da Angélica caindo e a mãe da Bruna quebrou um pote de azeitonas verdes e um Lambrusco.
Moral da história: Quando o chuveiro queimar, confirme se ainda há gás.